Ministério de Cegos Adventistas traz esperança para deficientes visuais
Nesta semana entre os dias 9 e 15 do mês de março, ocorre a Semana Mundial do Glaucoma. A data é utilizada para alertar sobre um problema preocupante. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, SBO, a doença é a segunda maior causa de cegueira no mundo todo. Estima-se que apenas no Brasil 1 milhão de […]
Texto: Redação
Nesta semana entre os dias 9 e 15 do mês de março, ocorre a Semana Mundial do Glaucoma. A data é utilizada para alertar sobre um problema preocupante. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, SBO, a doença é a segunda maior causa de cegueira no mundo todo. Estima-se que apenas no Brasil 1 milhão de pessoas sofram do problema. Em geral, a enfermidade aparece após a quarta década de vida e torna-se frequente com o avanço da idade. Diferente dos cegos de nascença, a alfabetização em braile torna-se mais difícil para o cego em fase adulta.
Por esta razão, a digitalização de literatura em áudio é o que vai possibilitar para essas pessoas o acesso ao conhecimento, à informação e a conteúdos devocionais e de estudo das escrituras bíblicas.
Para suprir a necessidade por materiais de estudo e tendo em vista o provável crescimento no número de deficientes visuais vítimas de glaucoma, diabetes ou outros fatores, teve início o Ministério dos Cegos Adventistas. A iniciativa surgiu de forma voluntária e passou a fazer parte de um dos ministérios da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Unasp campus São Paulo onde há cerca de seis anos teve início um pequeno grupo formado por cegos.
Esse grupo recebeu o nome de “Visão Real”. Juntos, eles cantam, tocam instrumentos, oram, compartilham pedidos e agradecimentos e ouvem uma reflexão bíblica. Todas as atividades das reuniões são realizadas por cegos. Outros dois grupos semelhantes surgiram a partir desse, um na região de Mirandópolis, também na cidade de São Paulo, e outro na cidade de Curitiba, na Igreja Adventista do Portão.
Atualmente, este ministério é responsável por fazer a digitalização de textos para áudio e enviar os conteúdos em CD. O que acontece, por exemplo, com a Lição da Escola Sabatina. O trabalho é feito exclusivamente para deficientes visuais e pessoas não alfabetizadas. A cada trimestre, são enviados, em média, 500 CDs para diferentes regiões do Brasil e também outros países, como Estados Unidos e Portugal.
“Essa é a possibilidade dos deficientes visuais adventistas terem novamente acesso à literatura. A nosso finalidade é dar a eles acesso à informação”, explicou o líder do ministério, Wagner Brunelli. Além das lições, outros livros da literatura cristã e adventista estão adaptados para cegos. Os materiais são enviados sem custo para os endereços de quem os solicita através do site www.cegosadventistas.com.
Segundo Brunelli, o maior objetivo do Ministério de Cegos Adventistas no momento é incentivar que mais membros e igrejas identifiquem pessoas cegas em suas comunidades, organizem pequenos grupos e desenvolvam este ministério de evangelismo para quem busca esperança e conforto em meio à limitação física.
Através do pequeno grupo, pessoas de diversas denominações se reúnem para estudar a Bíblia com os cegos adventistas. Em São Paulo, seis delas já decidiram ser batizadas após frequentar as reuniões que acontecem uma vez por mês.
“O ministério entre os cegos cumpre exatamente aquilo que Cristo se propôs a fazer quando declarou a sua missão na sinagoga de Nazaré. Ele veio para libertar os oprimidos. O ministério dos cegos está alinhado a esse propósito”, enfatizou Helio Carnassale, diretor geral do Unasp campus São Paulo.
Além das atividades espirituais, esse ministério presta também auxílio social. A maioria dos cegos já possui rotina muito ativa por frequentar diferentes espaços que prestam serviços a deficientes visuais. Passeios e ações recreativas divertem e proporcionam lazer para os integrantes do pequeno grupo “Visão Real”. Futebol, corrida de saco e até trilha na mata fazem parte das atividades realizadas sempre que há um passeio.
O vínculo criado entre os integrantes do grupo favorece a qualidade de vida. “Gosto de contar minha rotina, meu testemunho, principalmente para as pessoas que chegam desacreditadas. Elas veem que há pessoas que passaram por situações piores e que estão hoje firmes, sorrindo e brincando. Eu acho que isso contribui muito”, descreveu Silvio Mota dos Santos que ficou cego após ser vítima de violência. Atualmente, ele testemunha da transformação que ocorreu em sua vida depois que perdeu a visão.
por Murilo Pereira