Temáticas dos Trabalhos de Conclusão de Curso surpreendem em ano atípico
O ano de 2020 será guardado com maior nitidez na memória de professores e alunos que tiveram o desafio de produzir Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), em meio ao cenário de pandemia. Nos dias 23, 24, 25, 26 e 30 de novembro, discentes dos cursos de Publicidade e Propaganda (PP), Radio e Televisão (RTV) […]
Texto: Patrícia de Paiva | Edição: Sarah Dornelis
O ano de 2020 será guardado com maior nitidez na memória de professores e alunos que tiveram o desafio de produzir Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), em meio ao cenário de pandemia.
Nos dias 23, 24, 25, 26 e 30 de novembro, discentes dos cursos de Publicidade e Propaganda (PP), Radio e Televisão (RTV) e Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, apresentaram quarenta e dois TCCs através da plataforma Zoom. Todos foram prestigiados por professores, familiares e amigos em diferentes partes do Brasil e do mundo.
O desafio da pandemia
A dificuldade de construir um projeto final obrigatório para conclusão da graduação não foi a única para discentes e docentes neste ano. O TCC, além de trazer as complexidades conhecidas e esperadas, trouxe também a necessidade latente de que professores e alunos aprendessem resiliência, versatilidade e outros aspectos necessários para conclusão desses projetos.
Com aulas e orientações sendo realizadas remotamente e o contato presencial limitado, o cenário era considerado desfavorável para o ensino e aprendizagem. Apesar desses agravantes, no Unasp Engenheiro Coelho, o resultado surpreendeu.
O Dr. Rodrigo Follis, coordenador do curso de Comunicação e Jornalismo, salientou o desafio vivido por todos. “Ao longo desses quase 21 anos de cursos de comunicação, sempre tivemos ótimos trabalhos de TCC, mas veio a pandemia e seria justificável perder a qualidade dos trabalhos diante do ano que tivemos, mas não foi o que aconteceu”, destacou.
O momento pandêmico também foi incluído nos estudos. Várias análises de fenômenos que aconteceram, como o discurso social, político e inovações tecnológicas também foram destacados. Ainda houve projetos que buscaram contribuir do ponto de vista religioso, desenvolvendo roteiros que demonstram crenças fundamentais e princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Além da variedade de produtos comunicacionais, Follis, observa que os TCCs desse ano trouxeram também um forte aprendizado de reinvenção e superação de limites. “Estou extremamente feliz com os resultados excelentes que tivemos”, comemora.
Sâmela Lima é professora dos cursos de RTV e PP e foi coordenadora de TCCs do curso de Radio e Televisão. Ela enfatiza a importância desses projetos. “Essas produções sempre devem ter o foco de responder a uma demanda, seja mercadológica ou social. O que percebemos na maioria dos projetos apresentados, é que buscaram analisar ou produzir conteúdos que trouxessem algum tipo de contribuição, especialmente social”, comenta.
A experiência dos alunos
Com a opção de desenvolverem trabalhos sozinhos, em dupla ou em grupo, os alunos tiveram experiências e desafios de diferentes tipos. Beatriz Rodrigues, aluna do curso de RTV, criou um roteiro para quadrinhos, contando histórias sobre lendas e folclore da Amazônia, que envolveu uma pesquisa profunda e muita cultura regional.
De origem manauara teve oportunidade de contatar com velocidade suas fontes de pesquisa. Apaixonada pelo tema, destaca a importância da valorização da cultura do seu povo. “Acredito que no Brasil nós não valorizamos como deveríamos o que é nosso. É muito escasso a exploração deste tipo de conteúdo que é extremamente rico e relevante”, enfatiza.
Ana Lia Roa e Fernanda Martines, produziram o livro–reportagem “Encontros: A mestiçagem brasiguaia”. Sendo ambas paraguaias e estudando jornalismo na mesma turma, viram no TCC a oportunidade de se unirem para buscar desfazer conceitos distorcidos .
“Descobrimos o grande preconceito que brasileiros e outros estrangeiros têm sobre o Paraguai e queríamos tentar derrubar um pouco isso. Muito do que se fala vem de pessoas que só conhecem 1% do nosso país. Além disso, quase ninguém fala ou sabe sobre os Brasiguaios e entendemos que seria um tema relevante para o jornalismo”, esclarecem.
Marciele Militão foi diretora da produtora que realizou cinco videoclipes e um curta-metragem do álbum audiovisual da banda “O Bairro Novo”. As músicas do novo EP foram a inspiração para a produção de conteúdo que utilizou da “semiótica” como elemento narrativo.
Com mais quatro colegas do curso de RTV, Militão destaca o maior desafio que viveram nessa produção. ”Primeiramente havíamos nos planejado de gravar tudo em outra cidade, mas, tivemos que gravar tudo dentro do Unasp”, relembrou. Apesar das mudanças de planos, o resultado, surpreendeu a banca examinadora.
Por outro lado, “A beleza no silêncio” foi o tema de um dos TCCs que teve a mescla de alunos de RTV e jornalismo. O videodocumentário sobre surdos para surdos foi algo inédito no Brasil e contou com entrevistas relevantes dentro do contexto e universo dos surdos, como a Ministra dos Direitos das Pessoas com Deficiência e o primeiro arquiteto surdo do Brasil.
David Corrêa foi diretor da documentário e relembra o momento mais feliz. “A mãe de uma surda ao assistir nosso trabalho, agradeceu emocionada por termos pensando em pessoas como sua filha. Nos disse que estávamos enxergando o ser humano que havia por trás de cada surdo e não só a limitação ou barreira que eles tinham”, contou emocionado.
O Unasp celebra a preocupação dos estudantes em entregar um trabalho relevante e crítico, tendo em vista que busca oferecer aprendizados além do ensino.