História do UNASP é marcada por expansão acadêmica e foco na unidade
Conheça a história da instituição de ensino adventista que promove experiências que vão além do conhecimento acadêmico, promove experiência pra vida!
Texto: Mairon Hothon e Gabriel Buss
Localizado na zona sul da capital paulista, o UNASP começou em uma fazenda de 58 alqueires no ano de 1915 e teve como nome de registro: “Colégio da União Conferência Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia”. Inicialmente apenas com o antigo Ensino Primário e Seminário Teológico (dedicado à formação dos alunos ao cargo de ministros do Evangelho), o colégio passou a oferecer posteriormente um curso para formação de professores, o Magistério.
Fundado pelo casal John e Augusta Boehm, o antigo Seminário Adventista foi crescendo e proporcionando diferentes estruturas tanto para alunos residentes, quanto para os estudantes externos. Posteriormente foi chamado de Colégio Adventista Brasileiro (CAB) e em 1925, para melhor servir os estudantes e funcionários, foi fundada a empresa alimentícia Superbom. Considerada hoje uma das maiores no ramo de produtos veganos e vegetarianos do país, com mais de 25 mil pontos de venda, o local servia de plantação para os alimentos utilizados no consumo e principalmente para o cultivo da uva que se transformava em suco natural e em geleias, itens altamente comercializados.
Com o passar dos anos, além do Curso Ginasial e do Seminário Teológico, houve a procura cada vez maior de jovens para outras áreas do conhecimento, até que em 1968 o MEC autorizou a abertura do curso de Enfermagem, o primeiro Superior Adventista do país e o quarto na capital paulista. Referência no ensino das práticas de atendimento humanizado, o curso desde sua origem tem parcerias com o poder público e atualmente, junto ao programa Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde da região, já atenderam mais de 500 mil famílias nos diferentes serviços públicos.
Parcerias que ajudam os estudantes a vivenciarem experiências que vão contando não apenas para o currículo profissional, mas para a vida. Kennedy Cintra buscou a unidade do campus São Paulo exatamente por isso, pela qualidade do ensino e pelas oportunidades que poderiam existir. Durante seu período letivo na faculdade de Administração, Kennedy destaca a experiência que teve no Centro Universitário.
“O UNASP te proporciona não apenas uma graduação, mas uma experiência de estudos muito enriquecedora. A proximidade com os professores e as empresas júniores me ajudaram bastante, depois que eu fui para o mercado. Aqui eu comecei na carreira e também foi aqui que conheci minha namorada, atual esposa e mãe da minha filha”, destaca.
Pioneira nos cursos superiores
Recheado de histórias, o UNASP passou por várias nomenclaturas, iniciado como Colégio Adventista Brasileiro, em 1964 passou a se chamar Instituto Adventista de Ensino, o famoso e querido IAE, e foi só em 1999 chamado de Centro Universitário Adventista de São Paulo, após decreto do MEC. Considerado o segundo lugar com a maior área verde do bairro Capão Redondo, um dos mais cinzas da metrópole, o UNASP da capital paulista oferece 20 cursos de graduação, diversos em pós lato-sensu e abriga desde 2013 o Mestrado em Promoção da Saúde, o primeiro de nível stricto-sensu da Igreja Adventista.
Com tradição na música e no ensino da Teologia, a instituição foi a responsável pela formação dos primeiros pastores adventistas do Brasil e de vários compositores e músicos do Hinário Adventista, como William Costa Júnior, Flávio Santos, Jader Santos, Lineu Soares, Silmar Correia, Cleiton Schaeffer, Valdecir Lima, Edson Romero, entre outros. Com turmas teológicas que foram de 1915 a 1990, as formaturas dessas décadas reforçam a missão de evangelizar não só o Brasil, mas também internacionalmente, assim como preconiza sua missão: “Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade”.
Ampliando as experiências
Em 1946, a antiga Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia em São Paulo, mantenedora do UNASP, decidiu criar uma escola no interior do Estado para ampliar a oferta do ensino da rede denominacional. Foi então que a entidade comprou um terreno de 47 alqueires na localidade então chamada de Jacuba, hoje conhecida como município de Hortolândia, nas proximidades de Campinas.
No início de 1950, com o dormitório feminino construído, mas ainda não acabado, seus quartos foram usados para receber também os rapazes e professores, além de nele funcionarem as salas de aula, cozinha, refeitório e capela. E assim, timidamente, começou a história do Educandário Adventista Campineiro (EAC). 16 anos depois passou a se chamar Instituto Adventista Campineiro (IAC), e em 1974 ficou conhecido como Instituto Adventista de São Paulo (IASP), até que no início da década de 90, a instituição deu os primeiros passos em oferecer além da Educação Básica, também o nível superior. Em 2018 ela se tornou oficialmente o campus Hortolândia do Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Conhecido pela qualidade acadêmica do Ensino Fundamental e Médio e um dos maiores colégios da Região Metropolitana de Campinas, o Colégio UNASP Hortolândia foi a escolha de Danilo Molina para cursar o Ensino Básico. Aluno interno da unidade escolar, ele lembra com carinho dessa época.
“Falar do UNASP Hortolândia para mim é um privilégio. Essa escola teve uma influência muito grande na minha vida. A começar pela disciplina que aprendi nos quatro anos que morei lá dentro, horário para levantar, comer, estudar e se divertir. Também a oportunidade de aprender viver em coletividade, me fizeram entender as pessoas e as diferentes personalidades. Isso somada à formação acadêmica foram determinantes para minha carreira profissional. Trabalhei 20 anos no Banco do Brasil. Fiz uma carreira desejável naquele banco, e agora estou há quase 10 trabalhando para segunda maior empresa de alimentos do mundo, como diretor financeiro e morando no Colorado, EUA”, conta o antigo estudante da turma de 1984.
Referência regional
Hoje com cerca de seis mil alunos, divididos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, 10 cursos de graduação, cursos de pós-graduação, Escola de Esportes e Escola de Artes, o UNASP, campus Hortolândia, é referência até no turismo da cidade. Construído em seu anexo, o Instituto Adventista de Tecnologia (IATec), que é uma empresa que dá suporte por meio de sistemas e aplicativos para a Igreja Adventista em nível local e mundial, serve como um verdadeiro “celeiro” de estágios profissionais aos estudantes do curso de Sistemas.
E por falar em Sistemas da Informação, o curso é reconhecido pela excelência acadêmica, considerado nota máxima no MEC, e um dos poucos de oferta na região, por isso a alta procura resulta em um vestibular acirrado todos os anos. A busca por um Ensino Superior nos últimos anos acontece não apenas pela valorização profissional e busca dos sonhos, mas pela alta competitividade do mercado de trabalho.
A média entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (sigla em inglês de OCDE), que é o grupo que reúne as nações mais ricas, é de um salário 40% maior para quem tem diploma de curso superior. Já um residente brasileiro formado ganha, em média, mais que o dobro (140%) de quem só cursou o Ensino Médio; com pós-graduação, pode-se ganhar um salário mais de quatro vezes maior (350%) na comparação com quem só tem o Ensino Médio, segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE.
Um dos exemplos mais próximos desse contexto vem de um ex-aluno do UNASP Hortolândia. Com apenas um curso de computação, Wagner já via a necessidade de voltar a estudar e se especializar, mas foi quando seu filho foi fazer o vestibular que ele também teve coragem e prestou para Sistemas da Informação na instituição adventista. Na época, Wagner já era funcionário do Centro de Serviços da IBM, mas foi a graduação o passe para ele crescer consideravelmente dentro da empresa.
Ele conta que teve a oportunidade de fazer faculdade em várias outras faculdades, mas viu no UNASP um lugar reconhecido não apenas por ex-alunos, mas pelo próprio MEC. “As aulas de linguagens de programação, teste de computação gráfica e gestão de projetos marcaram muito a minha trajetória profissional, já que eu podia colocar em prática o que aprendia em sala de aula, diretamente no trabalho”, enfatiza.
Entre os destaques que lembra com carinho da época da faculdade estava a aproximação dos professores com os alunos, o hábito de ter uma meditação antes das aulas e a própria interação do curso junto a outros. “A gente se juntava com o pessoal de Educação Física pra jogar, trocava ideia com os colegas de Administração e isso enriquecia muito meus momentos ali”, ressalta.
Junto com o filho, se formou em 2013 e de lá para cá só cresceu na empresa. Atualmente é Executivo do Client Center do Centro de Tecnologia da IBM em Hortolândia, empresa que atente mais de 130 clientes em serviços de 50 países diferentes. Entre os serviços prestados está o desenvolvimento de aplicativos, inteligência artificial, serviços de TI, entre outros.
Ciclos de Experiências
O lugar era conhecido por ser uma fazenda de laranjas no interior do Estado, mais especificamente a 165 km da capital, em Engenheiro Coelho. Com ruas de barro e difícil acesso, a interiorização de um novo campus universitário do Instituto Adventista de Ensino (IAE) era a saída para a grande desapropriação que a prefeitura de São Paulo havia feito no terreno original da instituição, no bairro do Capão Redondo, zona sul.
Em 1979, a Prefeitura de São Paulo emitiu um ofício que desapropriou mais de 80% do terreno do antigo IAE, declarando que toda a área agora serviria para a construção de lotes habitacionais. Com a indenização foi pago um total de 3,4 bilhões de cruzeiros (4,3 milhões de dólares) e com esse dinheiro, em 1983, a Igreja Adventista adquiriu um terreno no interior do Estado para a construção do Novo IAE. O local foi escolhido pelo amplo espaço verde, pelo grande lago no terreno e pela possibilidade no cultivo de alimentos.
Aos poucos, o colégio que só tinha o Ginásio Escolar foi recebendo os cursos superiores que eram transferidos da capital para o interior e abrindo outros, passando assim, a oferecer o ensino superior nas áreas de Teologia, Ciências Humanas e Engenharias. Já chamado de Novo IAE, IAE campus Artur Nogueira, Campus Central e IAE campus 2, o atual UNASP campus Engenheiro Coelho é considerado o maior internato do país com 80 mil m2 de área construída e cerca de 5 mil alunos, sendo 1,5 mil internos.
Por decreto presidencial, publicado no Diário Oficial da União no dia 10/09/1999 foi criado o Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) que, a partir de então, passou a abrigar todos os cursos superiores oferecidos pela Instituição e ser uma unidade bi-campi, um campus na capital e o outro em Engenheiro Coelho. A partir daquele momento, esta unidade da educação adventista passou a ser organizada nos moldes administrativos de rede de ensino e fortificou ainda mais a missão de promover experiências de um ensino integral aos alunos.
“Eu gosto muito de conversar com aqueles que viveram os primeiros desafios desta instituição, os sonhos que eles viam neste lugar hoje se concretizam. Uma instituição universitária com pouco mais de 35 anos é bem jovem, mas ao mesmo tempo a gente celebra uma maturidade que se tornou referência em várias áreas, como na música, eventos, estratégias missionárias e em programas de voluntariado” comenta o ex-diretor da unidade, pastor Paulo Martini que esteve à frente da instituição de 2004 a 2018.
Do UNASP para todo o Brasil
Por ser um dos primeiros e principais polos difusores de músicos e teólogos da Igreja Adventista, o UNASP Engenheiro Coelho tem alunos que passaram pelas alamedas do campus e hoje estão nos diferentes cantos do Brasil. Um desses exemplos é o pastor Odaílson Fonseca que já atuou em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), na região Nordeste do país, como diretor da TV Novo Tempo e atualmente é o líder da Comunicação Adventista no Estado de São Paulo.
“Em 1998 eu era só mais um jovem entusiasmado, formado em Teologia, sem saber o que a vida me reservava, com medo do que ia deixar aqui e enfrentar lá fora. E em cada lugar que passava da minha trajetória, reconhecia pessoas que também tinham estudado do UNASP, era um gostinho todo especial relembrar à época do colégio. Como ex-aluno e hoje pastor, influenciador, marido e pai percebo, que o UNASP não foi só um ciclo que se encerrou em mim, mas convergiu em outros”, enfatiza.
Atualmente, o UNASP é formado por três campi universitários presenciais localizados na capital paulista, em Engenheiro Coelho e em Hortolândia, além de contar com o serviço de Educação a Distância (EaD) distribuído em 68 polos de ensino pelo país e uma Unidade de Ensino Descentralizada, no bairro de Vila Matilde, zona leste de São Paulo. Com 33 cursos de graduação, 76 de extensão e pós-graduação e dois mestrados profissionais, o UNASP também oferece o Ensino Fundamental, Médio, Técnico Profissionalizante além de intercâmbios linguísticos e culturais de seis meses a um ano.
“Sonhamos em ser a Universidade Adventista do Brasil em 2030, mas enquanto não chegamos lá precisamos continuar melhorando nossos serviços, abrindo cursos e Mestrados, ampliando o serviço educacional e ampliando a oferta de estudos. O UNASP é um lugar que forma experiência pra vida da pessoa que passa por aqui, por isso queremos cada vez mais fortalecer os nossos valores centenários e por foco na unidade, na missão salvar por meio da educação”, finaliza o atual reitor da unidade. Dr. Martin Kuhn.