O direito e dever de brincar
Ontem foi dia das crianças e já conseguimos imaginar o que mais elas gostariam de fazer nesse dia. Brincar e brincar. Unir aprendizado com brincadeira, que é o que elas mais gostam, é fácil e prazeroso.
Texto: Redação
Ontem, 12, foi dia das crianças e já conseguimos imaginar o que mais elas gostariam de fazer nesse dia. Brincar e brincar. Unir aprendizado com brincadeira, que é o que elas mais gostam, é fácil e prazeroso.
“A criança só aprende se ela sentir que esta sendo gostoso. Gostoso para uma criança significa brincar”, introduz a professora de primeiro ano e coordenadora do ensino bilíngue do Colégio Unasp-EC, Lilian Cardoso. Inclusive em sala de aula, os professores devem trabalhar de forma mais lúdica, tudo em forma de brincadeira.
Mas, em casa, não é bem assim que funciona. “O que eu vejo é que tá todo mundo preocupado com o que o filho vai ser. Você não precisa disso”, detecta a professora. Assim, os pais enchem as crianças de responsabilidades que não são próprias para a idade. Lilian aconselha que os pais deixem as crianças se sentirem bem. “Nada nesse mundo vai fazer uma pessoa se desenvolver se ela não se sentir bem, se ela não se sentir à vontade. A criança precisa brincar”, destaca a coordenadora.
Quando começam a frequentar a escola, essa já é uma nova responsabilidade. Não é o momento de sobrecarregá-los. “Vai ter tempo pra tudo”, resume Lilian. Vai ter um dia que o filho vai pedir para fazer uma aula extra, como uma outra língua, um instrumento, ou um esporte. Esse é o momento de dar-lhe uma nova responsabilidade.
A professora conta que “hoje o mundo é muito ‘ter’ todo mundo quer ter, em nome de dar o melhor para o filho. Quer dar a melhor escola, o melhor curso de inglês, quer que o filho vá para uma faculdade internacional. Então, tem que trabalhar, porque se não trabalhar, não tem como dar”. Os pais precisam abdicar de trabalhar e dos próprios interesses para passar tempo com os filhos. Levando em consideração que muitas famílias precisam que os pais trabalhem para que sustentem a casa, Lilian sugere que um dos dois trabalhe apenas meio período, aquele tempo em que a criança está na escola.
Com o objetivo de dar tudo o que o filho precisa, ou o que os pais julgam que ele precise, o trabalho se torna a forma de conseguir recursos para isso, e assim não destinam tempo para brincar junto com as crianças. “Ter uma vida mais gostosa não significa ter amor. A criança precisa de amor e atenção”, destaca Lilian.
Crianças tem vontade, curiosidade, querem ver as coisas acontecendo, querem pesquisar, aprender, tem sede do novo. Mas não exercitam isso, pois a tecnologia é mais interessante, e é o que os pais e a sociedade oferecem para eles. “O tablet é frio, a criança não vai saber dialogar. Tem tudo pronto, ela vai ter aquela síndrome de que tudo tem que ser muito rápido. A professora prepara uma aula super legal, mas é muito chata porque demora muito, e tem muito detalhe e a criança está sempre com pressa, porque o mundo dela é muito rápido”, comenta a professora. Isso torna as crianças chatas, impacientes, respondões, aprendem palavras tortas, não conseguem viver sem o celular.
Crianças gostam e precisam brincar. É nesse momento que elas começam a formar seu caráter. Para isso, elas precisam viver cada fase da vida com suas características. “A infância é a base do que será o adulto. E criança tem que brincar”, conclui Lilain.