Professora do UNASP apresenta pesquisa na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer
Estudo aponta maior probabilidade de perda do desenvolvimento cognitivo por conta do acúmulo de gordura nas artérias entre pessoas brancas.
Texto: Ana Clara Silveira
A professora do UNASP Naomi Ferreira desenvolveu uma pesquisa em seus estudos pós-doutorais na Universidade de São Paulo e apresentou na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer sobre a espessura das paredes internas das artérias carótidas e sua relação com a cognição. O evento reúne pesquisadores de todo mundo para debater os avanços científicos voltados para Alzheimer e outras demências. Ela apoia a geração de novos conhecimentos nessa área, de forma que incentive a pesquisa como vital e coletiva. O encontro aconteceu entre 31 de julho e 4 de agosto em San Diego, Estados Unidos.
A pesquisa
Os dados coletados para a pesquisa foram feitos baseados na investigação multicêntrica do Estudo Longitudinal de Saúde dos Adultos com instituições públicas espalhadas em três regiões do Brasil: Nordeste, Sudeste e Sul. As descobertas da pesquisa levaram a conclusão que quanto maior o acúmulo de gordura nos vasos – além de infartos, derrames e outras doenças – pode levar a perda cognitiva. “A espessura da carótida é um marcador de fator de risco. As pessoas que tinham maior espessura íntima-média no começo do estudo tiveram maior perda cognitiva ao longo dos anos”, esclarece.
As principais consequências estão associadas a memória, fluência verbal, função executiva e domínio global. As pessoas envolvidas na pesquisa foram acompanhadas entre 2008 e 2018 pelo Elsa – Brasil. O diferencial da pesquisa foi a evidência de que esse resultado de dano cognitivo se aplica com mais frequência a pessoas brancas, destacando um aspecto novo sobre a interação de raça. “A gente percebeu que nos negros a relação foi menos intensa do que nos brancos”, explica a professora. O artigo publicado nomeado Association between common carotid artery intima media thickness and cognitive decline differs by race teve a colaboração de outros coautores também.
Ciência para comunidade
A professora Naomi indica que os resultados da pesquisa científica devem contribuir para conscientização da população, de maneira que mude a concepção das pessoas e promova saúde. Ela analisa que no passado as doenças infecciosas eram as principais causas de morte entre as pessoas, mas atualmente as doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis estão no topo desses dados tendo causas comuns.
Pensando nisso, a preocupação com o estilo de vida deve nortear as decisões. “Quanto mais a gente puder cuidar dos hábitos, como fazer atividade física, cuidar da alimentação e usar o que faz bem para promover a saúde nos mínimos detalhes, melhor”, indica. Ela acrescenta que “as doenças crônicas degenerativas são menos frequentes quando se tem um estilo de vida mais saudável”.