Trabalham para manter a ordem, mas são quase invisíveis
Alguns setores no Unasp-EC não são muito notados quando funcionam em sua ordem, mas são muito importantes para manter a harmonia
Texto: Redação
Pare e olhe em volta. Para garantir a ordem das coisas, várias pessoas trabalham. E trabalham bastante. Perceba a grama cortada, as flores bem regadas, os carros em perfeita ordem, o chão e as coisas bem limpas, o leite no refeitório logo cedo, as salas de aula prontas para serem usadas… Isso não fica assim num passe de mágica, requer trabalho e pessoas que façam isso.
“Nosso trabalho é escondido, ninguém vê, mas é importante, porque se faltar leite ou iogurte, ai irão lembrar-se da gente”, enfatiza Samuel Vieira, funcionário da Leiteria. “Quando ainda não tinha plantado todas as flores, as pessoas diziam que sentiam falta de ter um jardim mais bonito”, comenta Jocely dos Santos, estudante de Arquitetura e Urbanismo, que trabalha no Paisagismo.
Alguns setores no Unasp-EC não são muito notados quando funcionam em sua ordem, mas são muito importantes para manter a harmonia. Um dos exemplos é a limpeza. Iane Else, que estuda Direito, conta que no dia a dia ninguém percebe o quanto trabalham, mas se algo dá errado, logo reclamam. “A gente trabalha a tarde toda, ficamos cansados. Às vezes, não deu tempo de fazer alguma coisa, ou algo acontece de última hora, tipo um vendaval, suja tudo e não dá tempo de limpar, ai vem alguém e reclama”, contesta.
Já na leiteria é um pouco diferente, mas acontece. Rogério Corrêa, que estuda Administração, conta que ouve, na hora das refeições, os alunos reclamando do iogurte ou queijo que é produzido por ele mesmo. “O que eles não entendem é que lidamos com bactérias e isso não é fácil. A gente sabe que dá certo, mas pode não dar certo. Pode variar a consistência ou pode nem virar iogurte”, conta.
A rotina
Nesses setores, o dia a dia pode ser um pouco puxado. Na leiteria, as atividades começam logo cedo. “A equipe que ordenha as vacas chega às 4 horas da manhã e fica até às 7h, depois volta às 15h e sai às 18h”, conta Corrêa. “Chegamos às 7 horas da manhã, fazemos uma limpeza, vemos quanto de material vai ser consumido no dia pelo restaurante e quanto vai sair para os outros colégios. No final da tarde, tem que fazer a limpeza das máquinas. É correria, mas tem dia que é mais tranquilo. De quarta-feira é o dia que pasteuriza o leite e coloca nos saquinhos, mas de sexta é um pouco mais calmo”, descreve Vieira.
A limpeza é dividida em dois turnos, manhã e tarde. Em ambos, as atividades são as mesmas. “Varremos o chão, passamos pano molhado e, de acordo com o dia, a gente tem alguma atividade pra fazer, limpar os vidros, limpar as salas dos setores, tirar o pó das coisas. Os meninos tiram o lixo dos banheiros. Sempre cuidamos para manter tudo limpo, em ordem”, explica Iane. No Apoio Acadêmico, o trabalho é quase o mesmo. “Limpamos o corredor e as salas. Tem que varrer, passar pano, limpar e organizar as carteiras”, conta Camila Amani, que cursa Publicidade e Propaganda.
A Segurança e o Paisagismo se subdividem em atividades. Laryssa Emanuelle explica que ela e seus colegas começam o trabalho às 13h. “Aqui a gente se divide em duplas e cada uma tem a sua área. Jardim da portaria, residencial masculino, feminino, refeitório. Caso acabe, vamos embora. Caso tenha algo para fazer na estufa, voltamos para completar o tempo de trabalho”, conta. Fábio Mariano estuda História e explica cada função no setor da Segurança. “Uns trabalham na portaria e a função deles é abordar os carros que entram, ver quem é e o que vai fazer aqui dentro. Eu, na moto, tenho ficar rodando, ver excesso de velocidade, pessoas sem capacete, pessoas sem habilitação e observar as extremidades do colégio para não ter invasão”, descreve.
O Unasp-EC têm vários prédios em construção e outros em reforma. Esse trabalho é mais pesado e requer um pouco mais de responsabilidade. O estagiário e aluno Gustavo Prestes cursa Engenharia Civil e conta quais são as tarefas diárias. “A nossa rotina aqui é de estagiário. Cuidamos de obra e fazemos de tudo, a partir da fundação da obra, marcação do gabarito, locação da obra, toda a parte de fundação, enfim, toda a obra”, explica.
As vantagens
Existem muitas vantagens e aspectos positivos em trabalhar nesses lugares. “Eu gosto de cuidar das plantas, porque Deus nos deixou aqui na terra com a lição de cuidar da natureza. Então eu me sinto mais ou menos responsável por isso”, comenta Carmen Saviemba, que cursa Direito e trabalha no Paisagismo. “Eu gosto muito de levar leite para os bezerros recém-nascidos”, admite Samuel, da leiteria. “É gostoso limpar os vidros no calor, porque posso me molhar e refrescar”, ri Iane.
Para aqueles que estão trabalhando em um setor onde já exercem a profissão que escolheram, as vantagens são ainda maiores. “O que mais gosto de trabalhar aqui é que a gente aprende mais do que em sala de aula. Colocamos em prática tudo o que aprendemos na teoria. É um aprendizado constante”, ressalta Kléber Kennerly, que cursa Engenharia Civil e trabalha na Construção. “Eu gosto de ver o que tá no papel se transformando, criando, levantando as paredes, ver o resultado do meu trabalho”, acrescenta Gustavo, estudante de Engenharia.
Muito mais que aspectos profissionais e pessoais, os rapazes da Segurança destacam os relacionamentos. “É muito divertido trabalhar aqui na portaria. A gente tem um esquema de irmandade, de ‘parceragem’. É gostoso porque, quando se estressa com alguém, tem um segurança aqui que te faz rir. Gosto dessa união entre nós”, conta Maykon Monteiro, que estuda História.
O aprendizado
De tudo o que se faz aqui, pode-se tirar lições. Todos os setores colocaram em destaque o quesito responsabilidade. “Aprendi a questão da responsabilidade. Sempre somos cobrados para fazer o nosso trabalho bem feito, economizar material. Aprender a lidar com o chefe, saber lidar com ordens, chegar no horário, cumprir a tarefa que é designada. Acho que em qualquer lugar que eu vá trabalhar futuramente, vou precisar”, aponta Iane. “Uma das melhores qualidades que a gente aprende aqui é responsabilidade e sempre vamos crescer com isso. Estamos apenas dando o primeiro passo para a responsabilidade de amanhã”, acrescenta Kléber, da Construção.
Bruna, que cursa Direito e trabalha no Paisagismo prefere destacar outro aprendizado. “Eu acho que relacionamentos são importantes. Por mais que depois seja tudo divididinho nos setores, a gente passa uma boa parte do tempo aqui junto, interagindo”. Já Fábio prefere destacar outro ponto. “Aprendo a ter paciência. Vou ser professor, mas o que aprendi aqui é ter paciência, contar até três. E até a diferenciar, em alguns momentos tem que ser enérgico, outros, paciente”, ressalta.
Além disso, todo trabalho é recompensado. “Algumas pessoas aparecem perguntando o que vai ser construído e quem são os responsáveis. Eu gosto de interagir com as pessoas. Eu sei como vai ficar e eles só imaginam”, conta Gustavo. “O resultado é a satisfação do nosso trabalho, não é o destaque, mas é o que faz a diferença. Quando começamos a cuidar das plantas, do semestre passado para esse semestre, fez muita diferença. Quando as pessoas passam e veem, elas ficam mais alegres, não sei, acham bonito e ficam mais alegres”, conclui Mayara Gisele, que estuda Arquitetura e Urbanismo.