UNASP comemora 107 anos de história
Desde 1915 o UNASP segue avançando na missão de educar e servir.
Texto: Thaís Fowler
Maio é sempre um mês de festa para o UNASP. Neste ano, a instituição comemora 107 anos impactando a vida de milhares de pessoas. Neste local muitas histórias foram contadas e vividas. O que começou como apenas ensino primário hoje é referência de ensino superior em todo o país.
A idealização das escolas paroquiais e dos colégios adventistas vem desde os pioneiros. Eles propagavam a ideia de que filhos de famílias adventistas deveriam ter um espaço para serem alfabetizados e instruídos nos princípios da igreja desde a infância. Quando os missionários europeus vieram trabalhar no Brasil, já era fomentada a ideia de construir um colégio que formaria jovens brasileiros para serem professores e pastores da denominação.
Em 1915, o alemão John Lipke estava liderando a missão Paulista e realizando uma série evangelística. Seu desejo era fundar o primeiro seminário adventista no Brasil. Ele compartilhava isso com outros líderes da denominação na América do Sul e com famílias que estavam sendo evangelizadas. O casal Teizen, recém-convertidos ao adventismo, comentou que possuía uma fazenda no sertão de Santo Amaro que poderia vir a ser uma instituição educacional adventista.
John Lipke então liderou um grupo para conhecer a propriedade. Durante a visita, eles puderam ver que a propriedade possuía fonte de água, matas e uma região longe dos centros urbanos. Encontraram ali o local ideal, de acordo com os conselhos de Ellen White para as instituições educacionais. Natureza e ar puro. Realizaram, então, a compra da propriedade.
De acordo com Emily Bertazzo, coordenadora do Centro de Memórias do UNASP, campus São Paulo, o UNASP foi a primeira instituição do bairro do Capão Redondo. “Essa região era coberta por dois tipos de propriedades. A primeira delas eram as pequenas chácaras de moradores e produtores de frutas, verduras, ovos e carvão vegetal, que vendiam seus produtos nos mercadões de São Paulo e Santo Amaro. Outro tipo de propriedade eram as de recreio. Famílias que geralmente moravam no centro de São Paulo, aos finais de semana iam ao sertão de Santo Amaro para ter contato com a natureza e animais”, conta.
Fundação do Seminário Adventista
No início o objetivo era formar missionários para Instituição Adventista. O primeiro curso oferecido foi o curso teológico com habilitação para professores e pastores. Jovens, moços e moças, iam até o colégio para morar e começarem sua educação a nível superior. A rotina desses alunos era intensa. No primeiro período eles participavam das aulas teóricas de história denominacional, cursos referentes a Bíblia, matemática, português e geografia. Já no período oposto eles participavam das atividades práticas da instituição. Como, construir prédios, prensar tijolos feitos com barro, cortar e serrar madeiras nas matas ao redor, construir móveis, plantar, colher, preparar o solo, costurar, lavar e passar.
Progresso
Em 1922 o seminário é instituído como Collegio Adventista e acontece a primeira formatura no curso Ministerial e Normal, com nove alunos. São eles: Domingos Peixoto da Silva, Adolpho Bergold, Alma Meyer Bergold, Phillonila Santos Assumpção, Adelina Zorub, Rodolpho Belz, Guilherme Denz, Isolina Rodrigues Waldvogel, Luiz Waldvogel. A celebração teve como nome “Rumo ao Mar”.
Conforme a denominação adventista foi crescendo e as próximas gerações de alunos começaram a chegar, novos cursos foram abertos e novas experiências foram oferecidas. Cursos como, secretariado, música e contabilidade foram acrescentados na grade e os alunos vivenciavam essas profissões dentro da própria escola. Os anos se passaram e novas nomenclaturas foram atribuídas a instituição. Entre elas, Colégio Adventista Brasileiro (CAB), em 1942 e Instituto Adventista de Ensino (IAE), em 1963.
Expansão do IAE
A necessidade de fundar um novo Instituto Adventista de Ensino surgiu pelo crescimento do bairro Capão Redondo. Conforme a urbanização foi chegando nessa área, que até então era rural, foi percebido que era necessário reestruturar toda a educação básica e oferecer novos cursos para os moradores da região. O que no início era uma instituição para formar pastores e professores, a partir dos anos 60, a instituição passou a servir pessoas da região e assim, mudou seu papel social. Era preciso fundar uma nova instituição que continuasse o papel denominacional.
“Havia um sonho de que o colégio estivesse longe da cidade. Com o tempo a população foi crescendo ao redor do campus e tornou-se o Capão Redondo, um bairro extremamente habitado. Mas não havia condições financeiras para isso”, relembra, pastor Nevil Gorski.
Em 1979, por meio de um voto da Prefeitura de São Paulo, o IAE passou pelo processo de desapropriação de 70% das terras. As áreas usadas para agricultura e criação de gados holandeses foram vendidas. Conservou-se, então, 30% da área onde os prédios foram construídos, para que a instituição continuasse funcionando. Assim, no ano 1983, foi realizada a aquisição da fazenda Lagoa Bonita em Engenheiro Coelho, interior de São Paulo, para a construção do novo IAE.
Pastor Nevil Gorski é uma das figuras marcantes da história do UNASP. Ele chegou na instituição em março de 1938 para fazer o curso ginasial, mas já pensando em ser pastor. Foi professor, vivenciou a mudança do Colégio Adventista Brasileiro para Instituto Adventista de Ensino (IAE), se tornou diretor do Ensino Básico, 12º diretor geral do campus São Paulo, foi o primeiro Reitor do Centro Universitário Adventista de São Paulo e contribuiu ativamente para a abertura dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Matemática e Biologia.
“A minha sensação é de contentamento. Eu participei de várias coisas que contribuíram para o que o UNASP é hoje. Isso faz com que eu me lembre sempre com saudades de tudo o que aconteceu. Primeiro, a oportunidade de ter participado dos dois primeiros cursos oficiais reconhecidos no campus São Paulo. E quando regressei em 1990, novamente exerci o cargo de diretor e assim, foi possível abrir outros três cursos. Naquele tempo, veio a ideia de que poderíamos ser um Centro Universitário”, compartilha.
Centro Universitário Adventista de São Paulo
No dia 09.09.1999 o Instituto Adventista de Ensino se tornou oficialmente Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), com possibilidade em ser bicampi, envolvendo campus São Paulo e o campus Engenheiro Coelho.
Em dezembro de 2018, o antigo Instituto Adventista São Paulo (IASP), fundado em 1947 em Hortolândia, foi integrado ao UNASP, oficialmente junto ao Ministério da Educação. O processo começou entre 2000 e 2003 quando a Igreja Adventista do Sétimo Dia, mantenedora das instituições, decidiu que os cursos superiores da faculdade em Hortolândia deveriam fazer parte da mesma instituição dos demais cursos superiores adventistas do Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Os horizontes para as novas possibilidades de avanço foram surgindo e o UNASP se permitiu ir além dos espaços físicos e das fronteiras territoriais. Com o objetivo de participar da formação acadêmica de mais pessoas, o UNASP também está presente no virtual e hoje conta com mais de 90 cursos no Ensino à Distância.
Visão 2030
A realização da Visão 2030 está planejada para acontecer em dois grandes movimentos de 5 anos, que levarão o UNASP ao futuro da universidade. Alcançar o sonho de ser uma universidade adventista no Brasil trará diversos benefícios, como novas aberturas de cursos de graduação, acesso a financiamento público e privado para linhas de pesquisa, maior acesso a participação em redes de cooperação e convênios com outras instituições de educação superior, maior credibilidade para a internacionalização da pesquisa e do ensino, mais oportunidades de inserção social e comunitária e de contribuição tecnológico-inovadora através da relação universidade-governo-empresa e mais oportunidades de captação de recursos para a consolidação da pesquisa e da inovação.
“O UNASP só pode aspirar a visão 2030 se estiver integrado entre si, nos campus, cursos, projetos, tecnologia, gestão, mas também na dimensão espiritual. Integrado com o Mestre, que é quem confere o conhecimento, quem dá força na caminhada, quem mantem a visão. O grande objetivo da nossa educação é a redenção”, afirma Martin Khün, Reitor do UNASP.
Tornar-se universidade é conferir mais condições ao UNASP de fazer a diferença na sociedade como instituição de formação acadêmica e profissional. Além, de cumprir a missão da educação adventista em todo o seu potencial, em todas as áreas do saber, que é educar para restaurar o homem à imagem do Criador.