Segundo o dicionário, procrastinação é o ato de deixar algo para depois, ou seja, de adiar tarefas, decisões ou compromissos. Mas, você já pensou que pode existir algo bom nisso? Separamos 4 benefícios da procrastinação.
Se por um lado vivemos em um período onde praticamente tudo exige pressa e otimização, por outro, a procrastinação ocupa um grande espaço nas nossas vidas. Vivemos tentando fugir dos momentos de procrastinação, no entanto, cada vez mais percebemos que ela faz parte da nossa rotina. E agora? Vale mesmo a pena fugir? Se não conseguimos, que tal aprendermos a aproveitá-la da forma certa?
Devido ao imediatismo atual, estamos atados à despertadores, prazos de entrega e atividades urgentes. Dessa forma, os tempos de descanso, distração ou lazer, acabam se perdendo em meio aos trabalhos “inadiáveis”. Fugimos da procrastinação, mas também acabamos não sendo tão produtivos quanto gostaríamos.
Pensando nesse cenário, algumas pessoas descobriram como administrar a arte da procrastinação para conseguir render mais em suas obrigações.
Procrastinação em tempos de imediatismo
O professor e doutor, Martin Kuhn, em seu livro “O império do imediato”, defende a ideia de que estamos inseridos em uma cultura de urgência. A obra trata especificamente do consumo desenfreado e da comunicação mercadológica, no entanto, muitos escritórios e empresas partilham desse conceito.
Sendo assim, a procrastinação é algo a ser evitado no ambiente de trabalho, uma vez que tudo deve ser feito hoje e entregue agora. No entanto, com prazos cada vez mais curtos e atividades cada vez maiores, procrastinar, além de ser um convite à sanidade, pode ser uma saída para resultados mais eficazes.
É o que aponta alguns especialistas da área, por exemplo. Segundo, Adam Grant, professor da Universidade da Pensilvânia, a procrastinação pode estimular a criatividade. Isso porque, de acordo com seu livro, “Originais: como os inconformistas mudam o mundo”, o ser humano tem a tendência de primeiramente pensar em soluções já existentes, bloqueando assim, insights mais criativos. Seguindo essa lógica, Grant explica que adiar algumas tarefas faz com que você desenvolva ideias mais originais.
Além disso, a procrastinação contribui para que você possa tomar melhores decisões a longo prazo. Em sua obra, “Wait: the useful art of procrastination” (Espere: a útil arte da procrastinação – em tradução livre), o professor e especialista em Recursos Humanos, Frank Partnoy, explana que com o passar do tempo, podemos pensar em mais alternativas, o que não ocorre quando decidimos algo de imediato.
Benefícios da procrastinação
Como tudo na vida possui pelo menos dois lados, com a procrastinação não é diferente. Embora seja saudável dar uma pausa no trabalho e na rotina, é muito importante ser responsável e fiel aos compromissos. Sendo assim, saiba dosar, de acordo com sua realidade, o quanto você pode adiar alguma tarefa.
A arte da procrastinação não é, portanto, uma desculpa para não entregar suas tarefas ou cumprir com suas obrigações. Segundo os especialistas do ramo, esse ato deve ser realizado de modo estratégico, uma vez que pode desencadear conflitos emocionais como culpa, medo, ansiedade e insegurança.
Diante disso, a procrastinação pode servir como uma ótima ferramenta criativa, desde que se conheça de maneira clara nosso universo interior, como explica o escritor, Tim Urban, em sua palestra ao TED Talks.
1 – Procrastinação como agente criativo
Ainda de acordo com Grant, um estudo realizado por sua orientanda, Jihae Shin, hoje também professora, revelou que a procrastinação fomenta a criatividade. A pesquisa consistia em analisar as ideias de negócio apresentadas por dois grupos de universitários, um de procrastinadores e outro não. Ao observar os resultados, Jihae, notou que o grupo de estudantes que procrastinou antes de realizar o trabalho, teve ideias mais criativas e inovadoras em relação ao grupo que começou a pensar no projeto imediatamente.
2 – Procrastinar reduz o estresse (em partes)
Adiar a entrega de trabalhos, por exemplo, pode ser algo que funcione muito bem para determinados grupos de pessoas, porém, essa máxima não deve se tornar uma regra. Um estudo aplicado em universitários, realizado pelos pesquisadores Roy Baumeister e Dianne Tice, revelou que a procrastinação reduz o estresse a princípio. Entretanto, quando os prazos começam a apertar, os alunos que adiam suas tarefas durante o semestre, apresentam mais sinais de enfermidades emocionais.
3 – Adiar atividades otimizam processos
Quando a procrastinação é realizada de modo consciente e controlada, esse ato pode fazer com que você desenvolva suas atividades de modo mais assertivo. De maneira geral, os procrastinadores tendem a encontrar respostas mais objetivas, uma vez que não possuem muito tempo para soluções pouco produtivas. Embora o risco do atraso seja grande, e é muito importante estar atento a isso, o procrastinador consegue analisar o custo-benefício de cada situação, escolhendo as mais vantajosas.
4 – Desculpas mais efetivas
É claro que não podemos julgar as intenções de ninguém. Em algumas ocasiões, o pedido de desculpa deve vir logo em seguida ao erro. Porém, segundo Partnoy, os pedidos de desculpas mais autênticos, são os que acontecem algumas horas depois do ocorrido. Nesse caso, o tempo para que todos os envolvidos no conflito se acalmem e pensem melhor na situação, é um fator agravante para que as desculpas se tornem mais conscientes.
Adie com moderação
No meio de uma rotina corrida e cheia de muitos afazeres e compromissos, é saudável dar uma pausa, respirar mais devagar e até mesmo se distrair um pouco.
Entretanto, a procrastinação pode se tornar um péssimo hábito quando não usada corretamente. Não se esqueça que sua credibilidade vale muito no mercado de trabalho. Sendo assim, tenha em mente que cumprir com suas responsabilidades é algo fundamental, não apenas no ambiente corporativo, mas em todos os aspectos da vida.
O ato de adiar algumas tarefas pode te ajudar, sim, a pensar melhor e encontrar ideias mais originais, mas também há outras formas de aguçar sua criatividade. Portanto, seja consciente e compreenda sua realidade.
Em suma, ao pensar em deixar algo para depois, pergunte-se a si mesmo:
1. Qual o meu prazo para este trabalho?
2. Esta tarefa é importante ou urgente?
3. Deixar para amanhã é algo que vai me ajudar a fazer um trabalho melhor?
4. Quanto tempo eu preciso para concluir essa demanda?
5. O sucesso desse projeto depende do tempo de conclusão?
6. Outras pessoas estão dependendo dessa entrega para continuarem o trabalho?
Com essas respostas em mente, será mais fácil para você tomar a decisão se pode procrastinar um pouquinho ou não.