Mesa redonda sobre inovação e novas metodologias no ensino inaugura pós-graduação no UNASP-SP
O evento teve a participação de especialistas da área da Educação que debateram sobre o uso das tecnologias no processo pedagógico O modelo convencional de ensino em sala de aula tem passado por mudanças. Com o advento de novas tecnologias, a relação do aluno com o processo de aprendizagem tem sofrido transformações. Segundo uma […]
Texto: Danúbia França
O evento teve a participação de especialistas da área da Educação que debateram sobre o uso das tecnologias no processo pedagógico
O modelo convencional de ensino em sala de aula tem passado por mudanças. Com o advento de novas tecnologias, a relação do aluno com o processo de aprendizagem tem sofrido transformações. Segundo uma pesquisa realizada pelo TIC Educação, do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), cerca de 52% das escolas públicas e particulares já utilizam dispositivos on-line para estudar.
Diante dessa realidade, foi lançado no último domingo, 2, no UNASP, campus São Paulo, o curso de Pós – Graduação “Mediação Pedagógica e Tecnologias Educacionais” para os professores de Ensino Fundamental II e Ensino Médio da rede de ensino adventista na região Sul de São Paulo.
A especialização é uma parceria entre o Centro Universitário e a Associação Paulista Sul. “Nós percebemos que foi feito um grande investimento na área de tecnologia e tendo em vista isso, pensamos em capacitar os profissionais para que eles usem esses recursos para facilitar o trabalho, além de intensificar o aprendizado do aluno com novas plataformas”, afirma Willian
Meira, Diretor Geral da rede de Educação Adventista na região.
Para a mediadora do evento, Doutora na área de tecnologias educacionais e coordenadora do curso Ana Cláudia Loureiro , estar à frente desse projeto foi uma experiência ímpar.
O grande objetivo é formar o professor no uso efetivo das tecnologias aliadas a metodologias ativas de aprendizagem. Além de trazer conhecimento do uso pedagógico com essas tecnologias, o curso vai ajudar o professor a vivenciar, para depois transportar isso para sua prática pedagógica”.
De acordo com a coordenadora “a especialização tem início dia 16 de setembro e a duração é de 360 horas distribuídas em 2 semestres de disciplinas e o terceiro semestre é de preparação e entrega do trabalho final. As aulas serão aos domingos, de um a dois encontros por mês”.
No evento, especialistas da área debateram sobre temas que serão abordados durante o curso. “Metodologias ativas são oportunidades do aluno assinar um papel protagonista na Educação, ser responsável por sua trajetória e aprender a aprender de uma forma pró- ativa. O papel do professor é essencial nesse processo, porque sem essa mediação eficiente, o aluno não terá as mesmas condições de aprendizagem”, explica Lilian Bacich, Doutora em Psicologia Escolar e Comportamento Humano – IP, USP.
O programa foi aberto para os docentes das duas instituições de ensino. “Os temas são muito pertinentes e condizem com o contexto que estamos vivendo hoje. As crianças estão inseridas no mundo tecnológico, isso é fato, e o professor precisa estar aberto para aceitar essa realidade, se preparar e acompanhar essa mudança. Eu vejo isso bem de perto no meu trabalho”, ressalta Eliane Zanin, professora.
Durante a mesa – redonda a questão da ausência dos recursos tecnológicos em escolas e as possíveis implicações no processo pedagógico e desenvolvimento estudantil também foi abordada. “A gente se depara em lugares onde a estrutura é totalmente escassa. Mas vale ressaltar que tecnologia é um dos recursos, mas não determina o fator final do aprendizado. Muitas vezes o professor pode usar livros didáticos, sucata, enfim, aquilo que tiver em mãos e, de forma criativa, colocar o aluno para trabalhar ativamente na construção de conhecimentos”, explica José Moran, Doutor em Comunicação pela USP.
O debate também foi aberto para perguntas sobre o tema. Acompanhe alguns questionamentos respondidos pelos convidados.
Quais são os desafios das metodologias ativas?
Desafios em primeiro lugar é uma formação de professor que não vivenciou acao como a metodologia ativa na sua formação, e vencer o desafio de como pode ensinar por meio de metodologias ativas se nem sempre eu aprendi nesse formato. Uso das tecnologias digitais são o segundo desafio, porque existem diferentes realidades nas escolas e nem sempre as metodologias estão a disposição do professor.
Durante a explanação do tema principal, foi mencionado que a tecnologia é uma ferramenta positiva para a Educação. Porém, até onde as duas podem caminhar juntas?
Elas podem caminhar juntas se a gente aproveitar o melhor dos dois mundos: o melhor do presencial, o olho no olho e o melhor do digital como recurso de aprimoramento da prática. Quando fizermos bem essa ponte, com certeza a gente vai conseguir usar o melhor dos dois mundos.
Qual é o papel do professor frente à tecnologia?
É vencer as barreiras e entender que essas plataformas são aliadas.
O aluno virou consumidor de conhecimento digital. Como aliar esse comportamento ao que é proposto em sala de aula?
A maneira de aliar é mostrar para o aluno que ele pode ser um produtor, além de consumidor. Quando o aluno consegue perceber o potencial dele como disseminador, ele também consegue perceber o potencial da tecnologia e acaba saindo do estado passivo e passa a exercer um papel ativo.
Essas práticas inovadoras podem trazer impactos no contexto professor e aluno?
Sim, e o impacto pode se tornar muito grande e positivo, desde que realmente se consiga estabelecer pontes adequadas entre aquilo que o docente tem como meta na base nacional curricular, no projeto político pedagógico da escola, se conseguir fazer uma boa costura entre o conteúdo como objeto de conhecimento e o que a tecnologia pode oferecer, o impacto tende a ser mais positivo.
Qual é a atribuição da gestão escolar no desenvolvimento do profissional no processo educativo por meio da tecnologia?
A gestão precisa e deve apoiar e dar oportunidades ao professor para que o mesmo aprenda e faça o uso desses recursos como ferramentas de aprendizado em sala de aula. Quanto mais ele oferecer momentos de formação em que os professores utilizem as tecnologias digitais como um recurso para ele apender, mais ele vai conseguir entender o potencial desse meio para ensinar.