Interligare realiza roda de palestras entre cursos
Durante a roda de palestras foi discutido o papel da educação no preparo das novas gerações para relações sociais assertivas e sem violência
Texto: Thaís Fowler
O Interligare do UNASP, campus São Paulo, realizou uma roda de palestras com os cursos de Direito e Psicologia. O tema abordado foi “Reflexões sobre o lugar da violência na sociedade contemporânea” e teve convidados de diferentes áreas para abordarem o tema de várias perspectivas.
A primeira palestrante da noite foi a Doutora Mônica Aurélia Bomfim dos Santos, médica, membra do Grupo Técnico do Núcleo de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde, Conselheira Titular no Conselho de Direitos da Mulher e da promoção da Igualdade Racial. Em sua palestra ela falou aos alunos sobre violência por parceiro íntimo contra as mulheres e reflexões para além da violência física.
“Enquanto sociedade nós valorizamos muito debates sobre violência física e sexual. Enquanto as demais formas de violências como, moral, psicológica e patrimonial não são tão faladas. Mas devemos nos lembrar que, essas violências menos comentadas abrem portas para a violência física”, afirma a Doutora Mônica.
Entre 2020 e 2021, dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), mostram que no Brasil o número de delitos contra as mulheres triplicou. Desde o início da pandemia, em março de 2020, ocorreram 100.398 casos de meninas e mulheres vítimas de violência sexual.
Segundo a Doutora Mônica, a violência faz parte do cotidiano das pessoas e está muito presente nas relações familiares, mas também nas relações interpessoais. “É importante lembrar aos profissionais de saúde a não terem uma postura julgadora em relação as mulheres que vivenciam situações de violência, pelo contrário, devemos fornecer informações para romperem esses laços prejudiciais, sem julgá-la e sem responsabilizá-la”, reforça.
Experiência dos alunos
As rodas de palestras permitem o desenvolvimento do aluno para se tornarem profissionais aptos a aplicarem as políticas de acolhimento, respeito e ética.
Para a aluna de psicologia Bianca Silva de Oliveira, a violência não está oculta, pelo contrário, está presente em nossa sociedade e é preciso que os cursos conversem sobre isso com os alunos. “Acredito que o maior aprendizado que tivemos foi identificar o lugar da violência, autor e vítima. Além de ter o olhar do profissional de direito e psicologia dentro desse contexto. Eu sou muito grata por aprender com os profissionais da área, médicos, advogados e psicólogos. Eles me ajudam a ser uma profissional melhor, na vivência prática e no conhecimento técnico”, compartilha.
Entre os palestrantes também estavam presentes o professor Mestre Bruno Cervilieri Fedri, psicólogo, falando sobre violências urbanas e políticas públicas para vítimas de crimes contra a vida. E também sobre os desafios e conquistas da psicologia no atendimento às vítimas. Logo após o professor Doutor Sérgio Moreira da Costa conversou com os alunos sobre o sentido plural da violência e suas repercussões no cenário jurídico.
“O objetivo da roda de palestras foi refletir como as transformações históricas e sociais interferem no reconhecimento da violência. Muitas vezes é difícil nomear e identificar diversas formas de agressões. Essa violência se manifesta de diversas maneiras, desde discriminação e assédio no ambiente do trabalho até estupros e outras agressões físicas e psicológicas”, afirma Sideli Biazzi, coordenadora do curso de psicologia.
A aluna do 7° semestre de psicologia Nathalia Carvalho, também foi convidada para falar sobre sua atuação no Um Socorro à Meia Noite (USAM), projeto em que atua. O USAM é uma plataforma de conteúdo que tem como objetivo conscientizar, acolher e empoderar mulheres sobreviventes de violência, através de conteúdos nas redes sociais e serviços para empresas. Dentro do projeto a aluna trabalha com criação de conteúdo para redes sociais, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos em sala de aula e pesquisas fora. Além de ser colunista no blog, onde escreve semanalmente conteúdos sobre saúde mental, vivências femininas e boas práticas. “Minha ênfase foi no meu papel como estudante no combate à violência contra a mulher e a responsabilidade das mídias sociais como ferramenta de luta contra a violência”, conta Nathalia sobre sua participação do evento.
O Interligare tem como objetivo cumprir com o tripé educacional: ensino, pesquisa e extensão, o fomentar de maneira mais rápida e direta, o diálogo com as mais variadas fontes de pesquisa, onde os alunos vivenciarão a troca de experiências com outros ramos do saber, haja vista que sempre haverá um fio condutor entre uma área e outra.
Saiba como denunciar
Ligue 180 – A Central de Atendimento à mulher registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes. O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como locais de atendimentos próximos. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.