A campanha do Setembro Amarelo é marcada pela luta contra suicídio e a favor do cuidados com a saúde emocional.
Em 1994, nos Estados Unidos, Mike Emme tirou a própria vida. Na época, familiares e amigos de Emme distribuíram cartões com laços amarelos e frases motivacionais para pessoas que pudessem estar enfrentando transtornos como a depressão.
Desde então, as fitas amarelas tornaram-se o emblema da campanha, que foi implementada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Apesar do grande engajamento de órgãos importantes como esses em favor da causa, os dados sobre o assunto não são ainda animadores. Pois segundo a última pesquisa realizada em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo.
Já no Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, o que quer dizer que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Pensando nessa triste realidade, e na tentativa de promover informação e saúde neste setembro amarelo, conversamos com duas profissionais da área sobre os cuidados necessários para o enfrentamento da depressão. Acompanhe agora:
1 – O que é depressão?
Victória Simionato – Psicóloga graduada pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
“Depressão é uma doença psíquica que traz prejuízos significativos para o dia a dia do paciente. Dessa forma, ela se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura que gera dificuldades nos relacionamentos, trabalho, lazer e outras atividades do dia a dia do paciente.
Existem diferentes níveis de depressão e isso explica o porquê de alguns pacientes com o diagnóstico conseguirem realizar determinadas atividades que outros não conseguem, como trabalhar ou socializar, por exemplo.”
2 – Como lidar com a depressão?
Ana Carolina Toledo – Professora para o curso de Psicologia e Mestra em Educação pela Universidade do Vale do Sapucaí (Univás)
“Muitos acreditam que para lidar com a depressão basta esperar o tempo passar ou buscar atividades de lazer para se distrair. Entretanto, é importante consultar um médico e realizar exames, pois ela pode ter causas biológicas.
Em alguns casos, para o enfrentamento da doença, é necessário o uso de medicamentos, mas cabe ressaltar que estes têm apenas a finalidade de aliviar os sintomas. É na psicoterapia que as causas emocionais da depressão são avaliadas e tratadas, sendo essencial o acompanhamento psicológico para o tratamento do quadro.”
3 – O que fazer nas crises depressivas?
Victoria Simionato – UFF
“Nas crises o paciente está muito sensibilizado e o auxílio de um familiar ou amigo são peças chaves no tratamento. O acolhimento da pessoa depressiva em crise é extremamente importante e precisa ser feito da forma correta: sem julgamentos.
Nos momentos certos, é importante levar a pessoa em crise a refletir um pouco sobre os seus avanços e pontos positivos, mas sempre com cuidado para não desvalorizar as dores e lágrimas do indivíduo com humor depressivo. É importante frisar que a pessoa que cuida também precisa de cuidados. Não é um papel fácil de se exercer, então não hesite também em procurar ajuda psicológica se sentir necessidade.”
Por fim, vale mencionar que embora seja indispensável remediar o problema, é prevenindo que obtêm-se os melhores resultados contra a depressão. Por isso:
4 – Quais os cuidados para evitar uma crise depressiva?
Ana Carolina Toledo – Univás
“Alguns hábitos de vida podem auxiliar na prevenção da depressão bem como no alívio de sintomas. Atividade física, alimentação saudável, atividades ao ar livre, voluntariado, psicoterapia, se envolver em grupos que tenham interesses em comum e praticar hobbies são alguns exemplos de atividades que podem gerar alegria e funcionam como um sistema de proteção para a depressão.”
Entenda, os cuidados não são só necessários no mês do setembro amarelo, mas em todos os momentos.
Em caso de sintomas, procure ajuda qualificada. É possível voltar a sentir vontade de viver!