Larissa tem cinco anos. Enquanto sua mãe passava as compras no caixa do supermercado, ela começou a chorar. Sem saber o que fazer, a mãe entregou seu celular para a criança. Ela rapidamente engoliu o choro!
Quem nunca presenciou um momento assim, né? Uma pesquisa internacional feita com 11 mil famílias, em 20 países (entre eles, o Brasil) revelou que 70% das crianças e 82% dos pais passam pelo menos três horas diárias no celular. Esse fenômeno chamamos de “excesso de tela”.
Desde a pandemia, o tempo em frente às telas aumentou muito. Com os pais ausentes ou atarefados, as crianças ficaram em casa sem estímulos sociais. O único ponto de distração era o celular ou a televisão. Porém, altos tempos de tela causam danos, principalmente quando o assunto são as crianças. Que tal entender mais sobre o assunto? Se acomode e tenha uma boa leitura!
Excesso de tela é uma ameaça à saúde?
Sim! Com certeza. Geralmente quando estamos com tempo livre, caímos nos feeds de redes sociais. Sejamos sinceros: nem sempre eles nos fazem bem ou agregam coisas interessantes às nossas vidas. Por isso, é importante saber controlar esses momentos para que não se tornem um vício. Esses cuidados começam na infância, afinal, crianças hoje são muito atingidas por excesso de tela.
Pesquisas indicam que a exposição excessiva a dispositivos eletrônicos pode ter efeitos negativos no desenvolvimento cerebral de crianças pequenas, incluindo déficit de atenção, atrasos cognitivos, distúrbios de aprendizado, aumento da impulsividade e diminuição da habilidade e controle dos sentimentos.
Essa exposição, chamada de distração passiva, ocorre quando as crianças são submetidas a jogos e vídeos nas telas em vez de brincarem ativamente, o que é um direito universal e crucial para o desenvolvimento cerebral e mental. Além disso, o uso excessivo de eletrônicos pode levar a problemas de obesidade, uma vez que as crianças se tornam mais sedentárias e brincam menos, queimando poucas calorias.
Quais os prejuízos no dia a dia?
Vale lembrar que distúrbios no sono podem ocorrer. O “horário da soneca” é postergado quando a criança quer jogar ou assistir vídeos e a luz azul, emitida pelos dispositivos eletrônicos, faz com que o corpo ache que não é necessário dormir. Outros efeitos negativos incluem a síndrome visual do computador, problemas auditivos e de postura, distúrbios emocionais como ansiedade, depressão e agressividade, dependência digital, transtornos alimentares, aumento do risco de abuso sexual e pedofilia.
Além disso, um dos efeitos do excesso de tela na infância é o aumento de casos de miopia. A criança míope consegue enxergar objetos de perto e até ler livros sem nenhuma dificuldade. Porém, quando o objeto está longe tudo fica embaçado e às vezes fica até impossível de ler placas, identificar coisas e reconhecer pessoas. Em casos assim, é orientado a procura de um oftalmologista para um tratamento correto. Pois, o diagnóstico tardio pode trazer sérios problemas e a depender do diagnóstico pode precisar até de cirurgias.
Como fugir do excesso de tela?
Depois de ler tantos malefícios sobre o excesso de tela, surgem muitos questionamentos. Será que é preciso cortar o tempo radicalmente? Como abordar para evitar conflitos familiares? Existe um meio termo de uso? Se eu tirar, vou atrasar o meu filho sobre assuntos da atualidade? Calma! Para tudo nessa vida há uma solução.
É fundamental adotar hábitos mais saudáveis que incluam a limitação do uso de dispositivos eletrônicos de acordo com a faixa etária e priorizem a interação social presencial e atividades físicas ao ar livre. Para crianças mais velhas e adolescentes, é possível estabelecer acordos, mas, com os mais novos, é necessário impor limites. Abaixo você confere algumas dicas que vão te auxiliar neste controle:
- Crianças com idade inferior a 2 anos não devem ser expostas às telas;
- Dos 2 até os 18 anos é importante ter um monitoramento de horários;
- Durante as refeições, desligue as telas para promover conversas familiares;
- Desligue todos os aparelhos eletrônicos pelo menos 2 horas antes de dormir;
- Promova atividades ao ar livre e piqueniques em parques;
- Coloque a criança para ajudar nos afazeres de casa;
- Promova momentos de diversão diferentes, como acampamentos ou viagens em locais mais afastados das zonas urbanas.
Em abril de 2022, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu novas diretrizes para orientar pais e cuidadores de crianças sobre a importância do tempo de tela. O material está em inglês e pode ser acessado gratuitamente.
O que esperar depois das mudanças?
No começo não será nada fácil, pois a mente da criança está acostumada com o uso em excesso. No entanto, com o passar dos dias, será possível notar uma melhora. Vale ressaltar também a importância do diálogo. Só assim os pequenos vão entender melhor as consequências de suas ações. Com um pouco de esforço, perseverança e disciplina, podemos encontrar um equilíbrio saudável no uso da tecnologia.
E aí? Ficou claro? Espero que sim, pois é muito importante cuidar do excesso de tela. A nossa saúde vale ouro. Para que esse conteúdo não fique só entre a gente, compartilhe com alguém! Afinal, informação de qualidade deve ser compartilhada.